segunda-feira, 20 de abril de 2009

Visitas



Hoje a solidão veio me visitar
Não quis abrir a porta, mas desde ontem ela insiste
Olhei pela fresta da janela, fingi que não estava
Mas derrubei um vaso de planta e ela soube que eu estava lá
Sem cerimônias, abri a porta e não consegui recebê-la bem
A teimosa nem se importou e se apoderou do meu lar
Ficou tão à vontade que chamou alguns amigos para lhe fazer companhia
De repente, chegaram à minha casa o medo, a tristeza e a desesperança
Disseram que seus antônimos haviam ido passear sem data marcada para retorno
Tentei gritar e pedi que voltassem logo, mas a algazarra das visitas era tanta que a coragem, a alegria e a esperança não puderam me ouvir
Sem poder lutar, aceitei minhas companhias, mas exigi que ao menos pudessem se calar
Entramos em um acordo
Meu abrigo só lhes acolherá por um dia
Após isso, prefiro desfrutar de minha própria companhia
E preparar o terreno para a melhor das visitas
Aquela que geralmente nos pega desprevenidos
Não pede licença
Mas nos faz escancarar as portas
E esconder as sujeiras embaixo dos tapetes
Desculpe, solidão
Mas o AMOR pode chegar a qualquer momento
E ele, seja passageiro ou eterno,
Merece todas as regalias de uma fiel anfitriã.

3 comentários:

Pedro disse...

E que seja o amor que venha sempre!

Anônimo disse...

Muito bonito. E que o amor não lhe faça apenas uma visita, mas passe a morar com vc, sem deixar espaço para os outros visitantes, inconvenientes.

Beijos,
Vitor

Eduardo Trindade disse...

Muito sentimento nesses teus versos... Isso é bom!

Já me senti muito assim. Parecia até que tinha hora marcada: sábado pela manhã, depois de ter passado uma semana inteira cercado de pessoas, era o dia em que "ela", a solidão, aparecia. Como vencê-la? Deste uma resposta - amor. Eu vou mais longe ainda: acho que o grande amor começa com o amor pelas pequenas coisas, pelos pequenos gestos... Aí é que nos sentimos cercados de tudo, menos de solidão.
Abraços!