terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aos poucos.




Aos poucos as palavras vão achando sentido, pra sentimentos tão sem sentido.
Vão surgindo com mais facilidade, se encaixando em situações complicadas e nos obrigando a ser, nós.
Pois vão saindo de nós.

Aos poucos, o gosto do primeiro beijo ao portão
vai se misturando a muitos outros.
Vai deixando de ser o melhor e passando a ser único.
Vai deixar de ser gosto para ser saudade.

Aos poucos, a nossa música preferida..
vai se confundir com os anúncios do metrô... com as inúmeras chamadas de celular. Com o som do despertador.
Vai deixar de ser preferida para ser lembrança.

Aos poucos, os sonhos passam a ser do nosso tempo de criança. Do tempo em que o menino do sorriso bonito, era o príncipe encantado. Do tempo em que a curiosidade de saber como é amar... era necessário.
Vão passar a ser desejos, metas e objetivos.
Vão sumindo de nós.

Aos poucos o melhor do poema vai deixando de ser melhor.
Vai se confundindo as regras, a exigência do leitor.
Vai deixando de ser a carta escondida no fundo do armário.
Vai passando a ser a lembrança de ainda te ter ao menos, aqui...
Nos poucos pedaços de mim.