quinta-feira, 21 de maio de 2009

A próxima poesia



Corro. Em direção ao nascente. O sol se põe lá atrás, entre a paisagem de pedras e céu laranja do Rio de Janeiro-fevereiro-maio.

Penso algumas palavras, na próxima coisa que irei escrever, pode ser daqui a pouco quando voltar para casa, ou daqui a um mês, quando a inspiração deixar. Não que ela não esteja comigo, a dona inspiração. Sempre está. Mas deixo-a calada pelo cansaço ou mesmo pela preguiça de escrever, seja lá o que for. Mas às vezes vem uma palavra e fica pulando na minha testa, batendo no céu-da-boca, quase me implorando: pelo amor das deusas, me escreva!

E lá vou eu, vencendo o sono, a dor no omoplata direito, a miopia sem lentes, vou enfrentar o papel, a caneta, a tela luminosa que me deixa vesga de tanto escrever, ler, escrever. E ela sai suave, feliz, quase com um suspiro aliviado de quem fez o que devia. A última poesia. A que saltava como pulga coçando meus pensamentos, a que gritava inquieta dentro do meu estômago, no peito, nos olhos arregalados durante o silêncio. Foi-se.

Agora posso descansar. E que fique claro: a uma criança faminta e a uma poesia afoita não se deve dizer não.

2 comentários:

Thiago Kuerques disse...

Eu ja disse nao algumas vezes e me arrependo. Tenho a sensaçao de um amor nao vivido.
Beijos

Anônimo disse...

Muito bacana.


Parabéns.