quinta-feira, 21 de maio de 2009

Palavreando


Sempre gostei de brincar com as palavras, fazer trocadilhos idiotas e descobrir novos significados para velhos significantes. Talvez isto seja uma motivação característica
daqueles que escolheram fazer do texto e das letras o seu ganha pão. Apesar desta tendência, deixo passar várias sacadas e de repente me pego surpresa falando sozinha: como é que eu nunca havia pensado nisso? Para dar um exemplo da minha falta de atenção, nunca tinha percebido que preocupação, vem de pré-ocupação, ou seja, a ocupação prévia com alguma coisa. Só me dei conta disso quando alguém com um sotaque nordestino acentuou o pré e eu achei engraçado. Talvez esta dificuldade de entender o significado das coisas seja uma barreira para quebrar paradigmas. Desde que eu me entendo por gente a preocupação está aí, mas foi preciso sair do carioquês para eu notar o sentido dela. Em um almoço de família no domingo, minha avó me fez perceber algo que eu nunca tinha me tocado. É um raciocínio muito simples, mas que na hora me fez refletir. Questionando sobre os relacionamentos de hoje em dia, ela disse não entender o porquê de usarem a expressão “ficar”. Eu até tentei dar uma explicação, mas segundo ela minha descrição tinha muito mais a ver com a palavra “passar”. Você passa por um, passa por outro e quase nenhum deles fica. É lógico que não faria o menor sentido se depois da night que eu saí do zero a zero eu falasse para uma amiga: “Passei pelo fulano ontem”
, mas a percepção da minha avó realmente mexeu comigo. Vai ver que esta minha paixão pelas palavras tem alguma relação com herança genética. Minha avó realmente incorpora o que as letrinhas estão querendo dizer. Certa vez, ela surpreendeu um de meus primos quando ele estava em processo de alfabetização. Se aventurando com o lápis na mão esquerda, ele ouviu: “Menino, está errado. O próprio nome já diz. A mão certa para escrever é a direita”. Hoje meu primo é destro. Vai dizer que as palavras não tem poder?

Um comentário:

Luiza disse...

A-DO-REI !
também tenho muito isso com as palavras, elas mexem comigo de maneira absurda.
E, com relação a essa última ideia, da sua avó falar dos canhotos, eu concordo PLENAMENTE . hahaha


um beijo, mariana.
agora vou voltar para NOSSA aula haha ;*